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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Veteranos confederados no Brasil


Durante os anos de 1861 a 1865, os Estados Unidos experimentaram uma das piores guerras civis da sua história: a “Guerra da Secessão” como foi chamada, onde 11 estados do sul dos Estados Unidos (Alabama, Arkansas, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Flórida, Geórgia, Louisiana, Mississipi, Tennessee, Texas e Virgínia)  queriam se tornar independentes dos Estados Unidos e assim formar um novo país que seria chamado de Estados Confederados.
 Os estados do sul, cuja atividade principal era a agricultura de algodão, com significativo volume de exportações, estavam descontentes com a política traçada pelos Estados Unidos. O governo queria impor condições aos estados do sul que o povo sulino não aceitava. Os demais países do norte eram altamente industrializados e as diferenças sociais eram muito grandes.  Na raiz do problema estavam questões comerciais e tarifárias, mas principalmente a escravatura, da qual dependia a competitividade no mercado externo dos produtos agrícolas sulistas, em especial o algodão, vital para a indústria têxtil inglesa.
Essa guerra civil durou 4 anos e terminou com a derrota dos estados do sul. O saldo de mortes chegou quase a 1 milhão de pessoas. Durante essa guerra foi interrompida a produção e o fornecimento de algodão, tanto às empresas têxteis dos Estados Unidos, como para empresas do resto do mundo e,  evidentemente, o preço do produto disparou no mercado internacional.

General Brigadeiro John Bufford, lutou pelo norte


Havia significativas diferenças entre os beligerantes. Os estados e territórios do norte, onde viviam 23 milhões de pessoas, além de fabricar os próprios armamentos, tinham uma poderosa esquadra e melhores condições de repor as perdas de batalha. O lado confederado, de economia rural, com população de 9 milhões de habitantes, dos quais cerca de 3,5 milhões eram escravos, dependia de armas compradas no exterior. Com a derrota dos sulistas, o poder central da União se fortaleceu, a escravidão foi abolida e importantes mudanças sociais e econômicas foram implantadas no país.
Um dos combatentes, o Coronel Willian Hutchinson Norris, insatisfeito com a derrota e com as condições a que teriam que se submeter, liderou um movimento migratório para outro país. O Brasil foi o  escolhido, pelas oportunidades de trabalho, as terras férteis e a acolhida com que o governo imperial brasileiro, liderado por D. Pedro II oferecia. Tanto D. Pedro II, como o Cel. Norris eram ligados à Maçonaria, o que facilitou muito essa aproximação. O Coronel Norris foi Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Alabama e senador por este estado americano.
Para cá vieram  intelectuais, profissionais liberais e pessoas com larga experiência na agricultura, na medicina, na geologia, professores, dentistas. O processo de imigração desses norte-americanos ao Brasil iniciou-se em 1866, mas culminou em 1868.
O local escolhido para a fixação da maioria deles foi onde hoje estão situadas as cidades de Santa Bárbara d’Oeste e Americana, na região metropolitana de Campinas, Estado de São Paulo. Isto se deveu à fertilidade do solo, às facilidades e abundância de água e disponibilidade de terras para a lavoura.       
Chegando, imediatamente cuidaram de construir suas casas, formar as vilas e começar o plantio do algodão, que estava com altos preços no mercado internacional.
A prosperidade chegou à região. Logo depois trouxeram a ferrovia que passou por Americana e Santa Bárbara d’Oeste, chegando até Rio Claro. Criou-se a primeira indústria têxtil na região, a histórica Indústria Têxtil Carioba. E a industrialização de Americana se deveu a essa fábrica, que vendia suas máquinas obsoletas aos funcionários, e estes abriam pequenas fábricas têxteis de fundo de quintal em suas casas.
O progresso não parou mais, tanto que Americana ganhou a carinhosa denominação de a “Princesa Tecelã”, por conta da qualidade do tecido fabricado ali e do volume de indústrias têxteis na cidade, fato que se nota até hoje.
Sargento John Ridley Bufford


Um destes migrantes foi  John Ridley Bufford. Era filho de Jefferson Buford e Mary Rabeca Buford, nascido em Claydon, Bárbara Cometry, Alabama. 
Alistou-se em abril de 1862 em Eufaula, Alabama e foi designado Sargento na Captain Reuben Koulb’s Battery da Barbour Alabama Light Artillery. Foi transferido em 6 de novembro de 1864, como soldado, para a Eufaula Battery da Alabama Light Artillery.
Esteve no St. Mary’s Hospital em Union Springs, AL, de 29  de setembro de 1864 até 6 de novembro de 1864, mas participou das batalhas de Kentucky Campaign, Hood’s Tennessee Campaign, e Chickamauga, e obteve sua liberdade em Meridian, Mississippi, em 10 de maio de 1865. Na sua libertação, mencionou como local de residência Eufaula, AL.
Mudou-se para o Brasil, para  Santa Bárbara d’Oeste, casando-se com Francisca Alexandrina de Oliveira Bufford.  O casal teve os filhos: João Bufford, Ana Bufford e Zuleika Bufford.
Ana Ridley Buford teve uma filha chamada Aldegundes, que se casou com Mariano Juliano.  Do casamento nasceram: Waldomiro Juliano e Djalma Bufford Juliano que se casou com  Terezinha Oliveira Bufford.
Djalma foi funcionário da Prefeitura Municipal de Barretos por  longos anos até se aposentar. 
Djalma e dona Terezinha são pais de:
1. Aldemar Antônio Juliano, casado com Rosangela de Lima Juliano, tendo as filhas: Juliana de Lima Bufford Juliano e Beatriz de Lima Bufford Juliano. 
2. Evamar, casada com Antônio Cláudio Marson, pais de Cláudia Juliano Marson e Camila Juliano Marson.
Dona Terezinha e Djalma Buford Juliano, em 2008. 
Um fato interessante, digno de nota, é que neste conflito, muitos membros de uma família lutaram em campos opostos. Encontramos na revista americana “Military History” de outubro de 1993, um detalhe da Batalha de Gettysburg, na qual foi decisiva a ação do Brigadeiro General John Buford, oficial superior das tropas da União. Aquele oficial tinha o nome idêntico àquele que se transferiu para o Brasil e aqui formou família.
Diz a história que o General Bufford sabia que se sua posição na batalha fosse mantida, a sorte penderia para o seu lado e então disse ao um dos seus subalternos: - Vamos que ter que lutar igual demônios para conseguir isto. Eles lutaram e conseguiram. Numa ilustração daquela revista encontramos um retrato do General Buford e a semelhança física com seu primo  é muito grande. Ambos lutaram em campos opostos na grande tragédia que dividiu o povo americano naquela época. Cada qual seguiu os desígnios que ditava sua consciência.
Rua em homenagem  em Santa Bárbara d’Oeste, ao Bufford que veio para o Brasil 
Diz um ditado popular que o mundo é muito menor do  que imaginamos. Concordamos plenamente quando soubemos que descendentes diretos de um veterano da Guerra da Secessão norte-americana residem em Barretos, entre nós,  e cultuam a memória honrosa de seu  antepassado.

Roseli Tineli

11 comentários:

  1. Roseli, estou adorando esse seu Blog, essa sua forma tão gostosa de contar fatos históricos que desconhecia, uma delicia.
    obrigada por compartilhar essas informações conosco.
    renata

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  2. Obrigada pelo incentivo Renata Guedes.

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  3. Oi Roseli,

    Fazendo uma busca pela história da minha familia cheguei ao seu blog.

    Na história acima, gostaria de acrescentar que a Ana Ridley Buford teve também uma filha chamada Urástilas, que era minha avó (teve dois filhos, Marco Aurélio, meu pai e Gloria).

    A Ana viveu seus últimos dias em Pederneiras, cuidada pelo meu pai. Após seu falecimento, nos mudamos para Campinas e a Zuleika veio morar conosco até seu falecimento.

    Cheguei a conhecer a Aldegundes quando criança, mas não me lembro.

    Se você tiver interesse, posso olhar nos documentos do meu pai (já falecido) a cópia da certiddão de nascimento.

    Obrigada por me contar coisas que eu não sabia!

    Miriam Moreira

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  4. POR FAVOR SE VOCÊ TEM CONTATO COM DJALMA BUFORD JULIANO, DIZ QUE A IRMÃ DELE CLAUDIA JULIANA MENDONÇA FILHA DE MARIANO JULIANO COM DIONÍZIA MENDONÇA DA CIDADE DE FRUTAL MG, FICOU FELIZ DE REVÊ-LO NESTA FOTO POIS LEMBRA MUITO SEU PAI E QUE ENTRE EM CONTATO PELO EMAIL DELA caju.mendonca@hotmail.com

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  5. Que interessante. Nunca tinha achado nada até hoje, sobre ele. Moro na Rua "João" Ridley Bufford desde que nasci e sempre quis saber sobre sua história! Muito legal! Parabéns e obrigada!!!

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    1. Dan, morei por muitos anos tb nessa rua. Nos conhecemos? Sou da familia Tedesco e Moraes. Abs

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    2. Dan, morei por muitos anos tb nessa rua. Nos conhecemos? Sou da familia Tedesco e Moraes. Abs

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    3. Dan, morei por muitos anos tb nessa rua. Nos conhecemos? Sou da familia Tedesco e Moraes. Abs

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  6. Olá, Roseli Tineli .
    ao estar pesquisando meu nome no google.
    achei aqui no seu blog a história da minha família, que saiu no jornal de Barretos também , pois a entrevista ocorreu em minha casa.
    Eu sou Beatriz Lima Buford Juliano ,. filha de Aldemar Juliano e Rose, neta de Djalma e Tereza e bisneta de John Riddle Buford .
    Eu e minha irmã Juliana, somos as únicas da família que sobraram com o sobrenome Buford.
    mas temos ainda a família do irmão do meu avô . Waldomiro (falecido) a do meu pai , e a da minha tia Evamar .
    estamos triste , porque meu avô faleceu .
    mas obrigado por estar passando para frente a história da minha família .
    um abraço , Beatriz LBJ ,. Juliano e família .

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  7. Infelizmente, meu avô Djalma faleceu dia 25/11/2012... Mas sempre foi e continuará sendo meu orgulho!

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  8. Olá, gostaria de cumprimenta-la pelo texto em seu blog História de Barretos, "Veteranos Confederados no Brasil". Nele você cita coisas e fatos que até então nem eu sabia sobre a minha linhagem. Sou Daniel Juliano, bisneto de Ana Ridley Bufford, neto de Aldegundes Bufford e logo, filho de Valdomiro Juliano. Só a titulo de esclarecimento pois não li essas informações no seu texto, meu pai casou-se com Maria de Lourdes Cunha Juliano, teve três filhos: Fabiana Cunha Juliano, Fernando Cunha Juliano, e eu, Daniel Cunha Juliano. Meu pai faleceu no dia 16/09/2009, e um dos seus maiores desejos, era que a origem dele fosse lembrada e preservada. Era apaixonado pelos Estados Unidos, e sonhava uma dia poder ir em busca da sua história. Me perdoe o desabafo, é que fui ler seu texto somente hoje, e fiquei emocionado. Um abraço, e mais uma vez, obrigado.

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